ESCULTOR CAJAÍBA

por Ebeilde Araujo Pedreira Goulart
Fonte: Obituário da Saudade
Cajaíba
foi um grande artista nascido em Itaquara vizinha à
cidade de Jequié no Estado da Bahia e residente em Vitória da Conquista
desde 1940. Autodidata foi inicialmente fotografo e inspirado em suas fotos
começou a esculpir. O material utilizado por Cajaíba em suas esculturas era
cimento, ferro e areia a qual peneirava em uma fralda para obter a textura
ideal do acabamento das obras.

Fonte: O Mandacaru
Casado
com Dona Gertrudes, grande companheira que o acompanhava em seu processo de
modelagem até a madrugada segurando uma lamparina. Teve oito filhos. O seu
filho Moisés nos apresentou e relatou um pouco sobre as obras de Cajaíba dentre as quais estão as imagens de Castro Alves,
Jânio Quadros e figuras do cotidiano da época como as camponesas. Também foi autor
de obras como os soldados expostos em frente ao Tiro de Guerra na Av. João
Pessoa, a imagem de São Cristóvão na cidade de Itambé – BA entre outras
localizadas no Estado de Minas Gerais e até mesmo na França.
Em
meio às imagens tão reais e expressivas
encontramos uma escultura feita em 1974 onde uma criança tem um buraco no
estomago, a boca aberta e acima de sua cabeça uma mão cheia de anéis segurando um pão simbolizando a fome de muitos e a
riqueza de poucos.
Foto: Zé Silva
Cajaíba
quando em vida, tinha como fonte financeira somente a sua arte e por vezes, com
dificuldades de recursos, optava por comprar o
cimento para esculpir e abdicar do alimento. Ele fazia esculturas também em
gesso para vender e quando solicitado, de concreto, como em seu museu.
Recebeu um convite para construir suas esculturas no Parque do Ibirapuera em São Paulo, mas recusou
alegando que seu projeto de vida e arte era o reconhecimento local.
Fonte: Fernando Odilon
Sua
morte, aos 82 anos, foi decorrente de um ataque cardíaco fulminante no meio de
uma das ruas de Vitória da Conquista, seu corpo foi sepultado conforme seu
desejo: entre as suas obras, onde foi colocada uma escultura do seu busto feita
por ele para essa ocasião. Seus filhos e esposa lutam para realizar o seu
projeto de construir um museu a céu aberto. Porém, faltam recursos o que
impossibilita a execução. Sem um material de resina adequado as esculturas se
acabam decorrente das intempéries naturais. Na tentativa de conservação,
Edvaldo, um dos filhos do artista, tenta restaurar as obras para que não se percam
por completo.
Fonte: Zé Silva
Os
familiares do artista já recorreram às autoridades públicas que visitaram o
local, fizeram promessas de investimento e até o momento presente, nada
fizeram. Moisés, filho de Cajaíba, vem lutando, por meio de manifestações na
mídia, criação de projetos para o museu e recentemente organizou um
documentário que conta e mostra um pouco da vida do seu pai, na tentativa de
divulgar e levantar recursos para a construção e preservação do museu a céu
aberto.
O
tempo passa e desgasta um legado indescritível deixado pelo escultor Cajaíba,
pouco divulgado e por conta disso, pouco visitado. Uma riqueza da História
Brasileira que poderia estar sendo dividida com milhares de alunos, sendo contextualizada com acontecimentos históricos
antigos e atuais. Uma riqueza que pode se imortalizar a partir da herança
cultural transmitida às crianças e jovens carentes de conhecimentos
interdisciplinares e diferenciados que proporcionem cultura e lazer
simultaneamente.
Esperamos
que o poder público  desperte e invista nesse
projeto fazendo justiça à dedicação e lealdade do artista Cajaiba que honrou o
título de cidadão conquistense persistindo em criar e imortalizar as suas obras
em Vitória da Conquista – BA.
“Gostaria de ser a arte e
não o artista.”
Escultor
Cajaíba
Texto
elaborado pela Turma do Curso de Extensão “O Olhar 
Anuncia
o Mundo” no Período de Maio a Junho de 2009 promovido Pela Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia.

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